quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Deu a louca nos aliens!

A primeira vez que ouvi falar no Predador 
eu devia ter uns 12, 13 anos de idade... 
Eu estava brincando no terreiro da casa 
dos meus avós quando meu primo Clóvis 
(que era bem mais velho), lembrou de um 
filme que havia passado na noite anterior: 
— Cara! Ontem o Schwarzenegger (faz de 
conta que ele pronunciou esse nome 
corretamente né?) enfrentava uma criatura 
alienígena doideira que tinha corpo de gente 
cara de lagarta. O bicho abria a boca tipo 
assim... Os gestos que ele fez com os dedos 
imediatamente me lembraram aquelas 
lagartas verdes de pé de tomate. Fiquei louco. Alucinado... Caralho!
Eu precisava ver aquilo...  Pra começar, 
qualquer monstro daquela época passava 
um filme inteiro sem aparecer. 
Tipo, o filme era só mistério, mistério e mistério,
quando o monstro finalmente dava as caras, 
já era nos famigerados 45 do segundo tempo. Na última parte do filme. 
Tarde da noite.

Neguinho tinha que aguentar uma, duas horas de tensão,curiosidade e 
adrenalina sempre, se quizesse conhecer o temível vilão de um determinado
filme de terror... Tubarão, o lobisomem de Bala de Prata, A Mosca e Alligator
são alguns exemplos. 
Com Predador não foi diferente. Essa tensão, essa curiosidade e essa
adrenalina meio que facilitaram, SIM, para que ele se tornasse um dos 
personagens mais invocados da história do cinema. Além disso, nessa
mesma época também não existia uma modinha fresca chamada de "spoiler". 
Portanto, quando um primo ou qualquer outro parente chegava contando
sobre um determinado filme, ele tinha total liberdade de atiçar sua imaginação. 
Seja com as melhores cenas, ou os detalhes de um personagem, ou os
créditos finais.

Vamos aos fatos:
O primeiro filme do Predador (1987) é um mistério da porra. Encurralados na 
selva, soldados vão morrendo um a um enquanto que o major "Dutch" fica pro 
final. Não! O tal major (que é interpretado pelo Schwarzenegger) não fica pro 
final porque é o protagonista. Ele fica pro final porque o grande foco do 
Predador, esse alienígena que pode ficar invisível, gosta de calor e tem 
tradutor de voz, é estudar o macho alfa de determinado grupo, cidade ou 
sociedade para, daí, capturá-lo como um troféu. Foi assim com Dutch 
(que só fui assistir anos depois do depoimento do meu primo) e foi assim com 
o Tenente Mike Harrigan (Danny Glover) na tão aguardada e espetacular 
continução.
Predador 2 (1990), embora muita gente não goste, é um dos filmes 
mais necessários e coerentes da franquia. Sim, porque além de novos
detalhes sobre o personagem, traz outros tipos de estratégias de caça
e uma total certeza de que tal raça alienígena nos visitava desde 
a época dos piratas (basta lembrar da garrucha que o Tenente Mike
ganha de presente no final do fllme). 

Ok. A partir daí vieram especulações, conspirações, continuações 
alternativas em HQs e uma cobrança eufórica por parte dos fãs. 
É que nesse mesmo final de Predador 2 aparece um crânio de
xenomorfo. Ou melhor, um crânio de Alien. Criatura inconsequente que baba 
ácido e adora se esconder em naves. Confesso, Alien vs Predador (2004) 
até que tem um roteiro interessantíssimo. Porém, a cena em que um dos 
predadores constrói um escudo e uma lançpara uma reles exploradora 
de gelo, é por demais toscona de doer! "
O inimigo do meu inimigo é meu amigo". Argh. 

Bom, tirando esse pormenor, Alien vs Predador 2 (2007) nem deveria ter 
existido (repito: NEM deveria ter existido!) e Predadores (2010), por conta da
frieza e da ousadia de Robert Rodriguez, eu apenas considero um trailer à
parte. É bom, preciso e desnorteado. Mas nem fede e nem cheira se o caso 
for encaixá-lo na franquia. Mesmo assim, Predadores nos apresenta, 
além de outro tipos de raças de alienígena, equipamentos como drones e 
animais do tipo "cão de caça". Ou seja, mais itens necessários para 
a carreira e os propósitos do personagem.

Bom, mas no final das contas, a pergunta que não quer calar é:
Depois de exatos 31 anos ainda existe alguma coisa no Predador
que valha a pena ser explorada? Hummm...
Pois é. Sim e não! Pra começar,o roteirista de Hollywood é um capiroto
que nunca descansa. Por isso, e quando ele quer, ele vai além; do além; do 
além; do além; do normal! 
O Predador (2018) - enfim chegamos nele! - é a mais nova prova disso. 
Recalculando: Desde 1987 o monstro alienígena tende a caçar sempre
o mais forte de um determinado grupo não é? Mostrado até então 
como uma espécie de teste, o predador arranca a espinha do seu oponente
e daí... pronto. Pra nós telespectadores isso já bastava pra que o indivíduo 
encerrasse sua missão. Necas! Eis que nessa nova empreitada é revelado
que os predadores sempre coletavam espinhas para estudar o DNA humano. 
Assim ele poderiam voltar numa futura caçada mais aperfeiçoados e evoluídos.
Aliás, chamar de predador uma criatura que caça mas não come sua presa
é completamente errado. O certo seria "caçador" já que ele conscientemente 
caça sua presa apenas por hobby, esporte ou desafio (do jeito que a franquia sempre mostrou). Enfim, correções à parte, a novidade agora 
é que qualquer predador que se preze carrega em seus corpos informações
genéticas totalmente humanas.
Yes! Mas o melhor está por vir. Calma... É que existe um plano alienígena 
mirabolante que é conseguir o mais formidável dos genes. Aquele mesmo
que dará o próximo passo na evolução humana. Não sabe qual é?
Tô falando dos autistas, bocó! 
Autistas são os maiores gênios não compreendidos desse planeta de merda. 
Autistas são formidáveis, são máquinas de raciocínio além do raciocínio comum... 
E bom, os predadores sabem disso.

Seria uma cartada final se, do nada (eu falei do nada) um predador traíra
não chegasse na Terra antecipadamente pra alertar todo mundo. Alertar?
Sim, mas bizarrices á parte, ele acaba não alertando é ninguém e ainda
por cima sai matando todo mundo que existe no laboratório secreto 
(que mais parece algum lugar saído dos quadrinhos do X-Mens) onde ele
foi capturado. Enquanto isso, um fuzileiro qualquer, que presenciou a queda
da nave desse mesmo predador, consegue enviar alguns dos seus objetos 
pessoais pra casa de sua... ex-esposa! Sim. Incrivelmente, o cara (que era
pra ser um militar honrado e consciente de todo e qualquer perigo vindo do 
espaço) rouba o capacete e o bracelete de um predador e envia pelo correio
pra casa de sua ex-esposa e seu filho autista. Pra quê, meu Deus do Céu?
Detalhe: do México pros EUA, hein? E numa velocidade de fazer a Amazon.com 
morrer de inveja! Outro detalhe é: se o tal filho do fuzileiro não fosse autista como
é que iriamos saber que um Predador Supremo iria querer um autista? 

Rapaz... à princípio, o primeiro plano é invadir a terra pra morar nela. Isso mesmo.
Então o Predador Traíra chega primeiro pra alertar os humanos (lembra que ele
tem genes humanos nas veias? É a tal sensibilidade à flor da pele).
Acontece que um outro Predador (que é o Predador Supremo), maior e mais bruto, 
chega em seguida pra fazer a queima de arquivo. Ou seja, O predador traíra tem 
que morrer e a sua nave tem que ser explodida.
Tá confuso? Vai piorar... srsrsr
É que o tal fuzileiro acaba sendo confiscado pelo mesmo laboratório onde o
Predador Traíra foi mantido preso. Ele precisa ser interrogado, avaliado e,
se possível, torturado porque... apenas testemunhou a chegada do monstro! 
Enquanto isso, não temos ideia de quem é o seu comandante ou pra que
unidade ele trabalha porque nenhuma patente ou autoridade maior relacionada
ao (seu) exército aparece. 
Então, o Predador Traíra acaba fugindo desse mesmo laboratório e parte
em busca do seu equipamento roubado. Detalhe, tudo na base do GPS.

Predador, laboratório, alguns agentes do governo... tudo vai funcionando numa
lenga lenga de gato e rato com um ritmo de fazer inveja ao filme "Vovozona 3".
Sim, exatamente na metade do filme é que o tal fuzileiro se toca de que sua 
família corre perigo. — Eu preciso dar tudo de si pra salvá-la!!
Beleza, mas sabe pra quem ele pede ajuda? Pra outros fuzileiros (ou militares)
que haviam sido diagnosticados como "doidos varridos" devido aos traumas de
guerra. 
Por um segundo me lembrei da série do Justiceiro na Netflix. Porém, pense
numa coisa mais galocha, mais tosca, mais infame... 
Piadas sem nexo? Frases sem efeitos e desnecessárias? Uma bióloga que
atira melhor do que os próprios fuzileiros? Tsi, tsi, tsi...
A partir daí o que se ver é uma mistura de comédia com farofa arrasa-quarteirão.
No melhor estilo "TV Record terça-feira à noite". Aquele que você só assiste
porque tá passando "The Voice" na Globo. 

Tudo por conta de um emaranhado de coisas jogadas duma vez só. 
Explosões, tiros, imagens borradas, silhuetas no escuro, sangue, piadas fracas,
frases bostas, personagens vazios, mais explosões, mais imagens borradas
e mais tiros, sangue e piadas fracas.
Difícil acreditar que esse filme, que tinha tudo pra ser fodaço é apenas uma
montanha enorme de vacilos. Um sorvete derretido no asfalto quente.

Tá, até que tem algumas coisas inusitadas e emocionantes como 
a cena do campo de força ao redor da nave (ficou foda!) e a música 
original do filme. Mas a briga dos predadores é por demais oca, aqueles
cachorros alienígenas também são ocos e mais oco ainda é o desfecho de tudo! 

Como que um predador, que vem lá da puta que paríu do cú da galáxia, 
não confere se a encomenda que está na nave que ele pretendia destruir
realmente não se destruiu? Quanta incompetência... e mais incompetente
ainda é o diretor que faz uma lambança dessa achando que cumpriu a missão. 
Que ficou joia, unânime, pecaminoso... Que nada.

O Predador (2018) até que tem boas intenções, mas tá longe de ser 
um clássico modesto como o 1 e o 2. Até porque esses clássicos têm finais
transparentes e belos, enquanto que esse atualmente termina estupidamente
mostrando que tipo de encomenda existia na nave.

Pense. Se for pra ter uma futura continuação que mostre como essa tal 
encomenda funciona na prática (Tá! Vou contar: é uma armadura de predador
que pode ser usada por humanos), meu amigo...
Sinto muito, mas prefiro que o mundo seja invadido por aliens de verdade 
do que ter que testemunhar tamanha vergonha alheia.

E só.

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