Dois quadrinhos chegaram ás minhas mãos para resenhar.
Periferia Cyberpunk, da Editora DRACO,
e Eudaimonia, do Luciano Salles.
Vamos por partes:
No quesito "quadrinhos porrada" quem segura as pontas no Brasil
e toma a linha de frente atualmente é a Editora DRACO.
Seja Terror, Podreira, coisas do capiroto ou ficção científica cabulosa,
Raphael Fernandes é o cara que sabe investir, produzir, selecionar
e espalhar o produto em tempos de prints fofuxos e quadrinhos com filosofias
de araque. Periferia Cyberpunk é um chute no saco do mercado.
Um livro que reúne 8 histórias de 20 páginas cada cujo tema é
tecnologia robótica + foda-se o sistema. Tiro, porrada e bomba.
Logo de cara, "Só os vilão" mostra o quanto Airton Marinho
é o roteirista doido varrido mais genial do pedaço. Depois temos
o maravilhoso traço do artista Braziliano na HQ Iansã ferida.
Mais traço maravilhoso com Jean Sinclair em "Babel de Cristo e uma
acaralhada de coisas que envolvem braços biomecânicos, implantes de
cérebros, drogas futurísticas, um Brasil pós-apocalíptico e vários roteiros
insanos.
Mas o melhor, meu amigo, fica pro final. Fortaleza 2068 é o parafuso
enfiado na cereja do bolo de Periferia Cyberpunk. A HQ, muito bem ilustrada
por Doc Goose, mostra a famigerada capital cearense 100% Blade Runner.
Recalculando: 50% Blade Runner, 25% Juiz Dreed, 25% ela mesma.
Raphael, aliás, teve a ideia quando visitava a cidade pela milionésima vez
(sempre por conta de eventos e palestra, lógico, sobre quadrinhos) então é
impossível não se emocionar se você não for um alencarino de nascença.
A começar pelos detalhes (grafites, praia, monumentos...), as referências
(policiais truculentos, putas, baladas...) e até o vocabulário (bem mais fiel
do que muita novela metida a arretada) Que puta homenagem!
E existe até uma birosca que vende buchada com o nome
de GUABIRAS! Manca!
Resumindo: como tantos outros materiais da DRACO,
Periferia Cyberpunk é um livro pra segurar a onda
(em alguns momentos me vi lendo a finada revista ANIMAL. ), bater de frente
com a mediocridade atual (ácido, grosso, espinhento... ) e continuar dizendo
que, sim, ainda existe esperança nos quadrinhos brasileiros.
Mais sobre a Editora Draco:
blog.editoradraco.com/
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Eudaimonia
Luciano Salles desenha pra caralho! Tão logo vi a capa desse tesouro
postada no Facebook falei: "Preciso resenhar isso!".
Fato. No mundo dos quadrinhos quando o artista tem um traço fodástico
o leitor corre, fica alucinado, pira, se escabela pra conseguir qualquer
coisa do elemento.
Luciano é assim. Rápida e rasteira, essa Eudaimonia é uma espécie de
Mesmo Delivery de dois minutos, no melhor elogio possível. Aliás,
a HQ, por começar tinindo, já com a adrenalina em alta, chega a ser mais
ferrenha do que o livreto premiado de Grampá. É que Eudaimonia consegue
ir mais profundo no cérebro, ferruando mesmo como uma broca cheia de
diálogos bem elaborados e uma personagem feminina que você
adquire carisma logo no primeiro olhar da figura. Sério. Me lembrou
vagamente a cozinheira do filme Relatos Selvagens. Só que com mais
timbre. E segundo o prefácio lá no final, Luciano a teria resgatado de outras
HQs dos idos de 2012.
Resumindo: Se Eudaimonia não tiver uma continuação imediata o autor
estará deixando de investir em um dos contos (ou mini conto) mais doideiras
que já li esse ano.
Até lá, o melhor é reler de novo, e de novo, e de novo...
Mais sobre Luciano Salles: dimensaolimbo.com
Adquira a Eudaimonia
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Curti pra caralho ser definido como roteirista doido varrido!!! Valeu, Guabirás! Foda-se o sistema!!!
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